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A armadilha de comprar novo em vez de consertar

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    Silvio Bianchi
  • há 6 dias
  • 4 min de leitura

Imagem: BEM Financeiro
Imagem: BEM Financeiro

Por Silvio Bianchi


"Meu sapato já furou...

Minha roupa já rasgou..."


Estas são as primeiras estrofes de um samba imortalizado por Clara Nunes e que fazem total sentido com o tema que desenvolveremos hoje: se alguma coisa quebrar, parar de funcionar ou precisar de uma manutenção, será necessário correr para comprar uma nova? Esta é uma dúvida que muitos clientes apresentam e, às vezes, a resposta parece ser bastante óbvia.


Durante uma sessão de coaching financeiro, uma cliente reclamou que “precisava trocar de carro” (trocar seu carro antigo pelo mesmo modelo, mas do ano atual), mas não tinha dinheiro para pagar a nova parcela junto com as despesas geradas pela venda do carro antigo e a compra do novo. Curiosamente, o “carro velho” somente tinha 2 anos de uso (comprado zero) e 40.000 km rodados.

O motivo para pensar em trocar de carro? Deveria fazer a revisão dos 40.000km e trocar os 4 pneus!


À primeira vista, pode parecer estranho pensar em trocar um carro relativamente novo por causa de uma revisão e troca de pneus. Nas contas dela, ao trocar de carro estaria “ganhando” o valor estimado de R$4.000,00 (quatro mil Reais) que gastaria com a manutenção. 


Essa forma de pensar, que Peter L. Bernstein (1919-2009) associou à contabilidade mental, frequentemente nos conduz a uma armadilha financeira: a de preferir comprar algo novo a consertar o que já temos, mesmo que a reparação seja muito mais vantajosa economicamente.


Mas por que essa escolha é incoerente? Do ponto de vista econômico, a diferença de valor a pagar entre seu carro atual e o novo modelo seria muito superior aos R$4.000,00 a serem pagos pela revisão e os pneus novos. Essa é uma das armadilhas que a contabilidade mental nos prega.


Nossa cabeça cria categorias, ou "caixas", para diferentes tipos de gastos (por exemplo, "custo de carro novo" em uma caixa e "custo da manutenção" em outra "caixa"). O problema é que, muitas vezes, não comparamos essas caixas ou, pior, ficamos com o resultado que desejamos, caindo assim na armadilha de tomar decisões financeiras irracionais.


No caso da cliente, o custo de R$4.000,00 para consertar algo que ela já possuía (a manutenção do carro atual) estava em uma "caixa" que parecia grande ou indesejável, enquanto o custo muito maior de um carro novo estava em outra "caixa" que, mentalmente, podia ser justificada por outros fatores, obscurecendo a clara vantagem financeira de simplesmente consertar. Se ela tivesse a disponibilidade de dinheiro, teria trocado de carro para “deixar de gastar” na revisão e os pneus novos, ilustrando perfeitamente essa armadilha comportamental.



“E para melhorar minha situação...

eu fiz promessa para São Luís Durão!”


Além da promessa, para não cair nesta armadilha da contabilidade mental que nos leva a comprar novo em vez de consertar, vale a pena seguir estas recomendações antes de sair comprando:


  • Questione-se: eu preciso disso? É muito importante avaliar “com a cabeça fria” a verdadeira necessidade dessa compra. Para reforçar, vale fazer uma segunda pergunta: realmente preciso disso? (Essa pergunta ajuda a sair da lógica da "caixa" da contabilidade mental e focar na necessidade real).

  • Questione-se: cabe no meu orçamento? Lógico que para poder responder esta pergunta você deve ter um orçamento. Para uma primeira aproximação, se não tem um orçamento mensal, pegue papel e lápis e faça uma conta simples:

    • Meu salário líquido deste mês (após descontos).

    • Menos: total da fatura do cartão ou dos cartões;

    • Menos: parcelas da casa, carro, mensalidade escolar, carnês, plano se saúde, IPVA, IPTU etc.;

    • Menos: despesas básicas (alimentação, transporte, água, luz, gás, condomínio, aluguel);

    • Menos: despesas com lazer, presentes, comidas fora de casa etc.;

    • Menos: reserva para imprevistos (você guarda um dinheiro, todos os meses, para aquelas despesas que aparecem em momentos inoportunos, certo?)

    • O saldo do mês é positivo? E nos próximos meses, também será positivo? (Ter um orçamento ajuda a comparar custos de forma racional, fora das "caixas" mentais).

    • Questione-se: vai comprar à vista ou parcelado? As respostas às perguntas anteriores serão de grande ajuda!

    • Pesquise preços! O mesmo produto pode ser vendido por valores diferentes, dependendo da loja. Se tiver bastante cuidado, faça a pesquisa para comprar online. Tem muita loja pirata, mas também existem boas. (Comparar preços realisticamente contrapõe a lógica de "ganhar" evitando um custo menor).

  • Questione-se: preciso comprar novo ou posso consertar o que tenho? Esta é a pergunta fundamental para evitar a armadilha. É melhor do que dizer: cuidado com a contabilidade mental. Ela força a comparação entre as "caixas" de consertar e comprar novo....

  • Após comparar preços, também pesquise a qualidade dos diferentes produtos e procure aquela opção onde o preço e a qualidade se equilibram.


“Mas quando a minha vida melhorar...

Eu vou zombar de quem sorriu de mim!”


No BEM Financeiro, pretendemos que a vida das pessoas melhore sempre, e “pra vida melhorar” não tem nada melhor que saber o que se quer, conhecer o que se tem (quais são seus recursos) e fazer um plano para alcançar aquilo que deseja. 


Viver BEM financeiramente implica em tomar decisões racionais e reconhecer e superar armadilhas comportamentais como a contabilidade mental, que nos levam a gastos desnecessários ao preferirmos comprar novo a consertar. 


Para viver BEM, o importante não é ganhar muito (lógico que quanto maior forem os rendimentos, melhor...), mas que os gastos sejam menores aos rendimentos e que se poupe a diferença.


 Agindo assim, e evitando as armadilhas da mente, consuma feliz!


SEU BEM-ESTAR FINANCEIRO É O NOSSO PLANO!


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Silvio Bianchi é Pós-graduado em Educação e Coaching Financeiro, Contador Público, Master Coach, Coach Financeiro, Treinador e Palestrante. Cofundador de BEM Financeiro – Desenvolvimento em Finanças, responsável pelo escritório em São José dos Campos - SP (Vale do Paraíba).


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