“O custo de vida está um inferno!”, “Fico estressado(a) só de pensar em que preciso ir ao supermercado”, “Não me fale do preço do combustível!”, “Estourei o cartão e não tenho limite no consignado”. Ouvimos estas falas na maioria dos nossos atendimentos.
Este fato se verifica na PEIC (Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor)[1] promovida pela CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo). Os resultados da pesquisa mostram que 77,7% das famílias brasileiras relataram ter dívidas, 28,6% têm contas em atraso e 10,9% declarou que não terá condições de pagar todas suas contas.
Frente a esta situação o RH nas empresas fica em uma encruzilhada: propor facilitar o acesso dos funcionários ao crédito, cedendo às pressões das organizações financeiras parceiras da empresa, ou promover uma política conservadora com relação ao uso do crédito? A sensação é de uma situação perde-perde (“se ficar quieto o bicho come e se correr o bicho pega”), ninguém fica satisfeito.
Como o RH pode ajudar nas questões financeiras do colaborador?
Para abordar este ponto é importante definirmos o bem-estar financeiro. Pode ser definido como o grau de conforto alcançado pelo indivíduo com relação a conseguir honrar suas obrigações financeiras, criar um patrimônio que lhe permita atingir seus objetivos de curto, médio e longo prazo e ter o padrão de vida desejado.
Conheça o nível de bem-estar financeiro da equipe. Pensou em fazer uma pesquisa para conhecer o nível de bem-estar financeiro dos colaboradores? A diferença desta pesquisa com uma pesquisa de satisfação é de que a primeira se baseia em fatos, não tem julgamentos.
Crie um programa de bem-estar financeiro. Após conhecer as principais necessidades da equipe, é mais fácil desenhar o programa de bem-estar financeiro mais adequado. O eixo do programa deve ser a educação financeira (finanças comportamentais) que pode ser complementado com um programa de benefícios.
Ofereça palestras, cursos e/ou atendimentos individuais. “Ninguém aprende a nadar com um power point”, isso é fato! Portanto, oferecer acesso a informações de “como fazer melhor” para cuidar dos recursos financeiros é importante, mas também se precisa de uma guia e estímulo para colocar em ação esses aprendizados.
Benefícios de implantar um programa de educação financeira
Iniciamos esta matéria listando os desafios financeiros que enfrenta a população. Esta situação determina o contexto onde o RH desenvolve suas ações.
Trabalhadores atribulados por problemas financeiros pessoais ou familiares, faltam mais, adoecem mais, erram mais, ficam mais expostos a acidentes, têm um menor desempenho.
Com um programa corporativo de educação financeira, além de melhorar todos esses pontos os colaboradores irão reconhecer o interesse da empresa em ajudá-los a melhorar seu bem-estar financeiro, impactando positivamente no clima da organização. --- Silvio Bianchi é Contador Público, Pós-graduado em Educação e Coaching Financeiro, Master Coach, Coach Executivo e de Carreira, Coach Financeiro, Treinador e Palestrante. Cofundador de Bem Financeiro – Desenvolvimento em Finanças, é responsável pelo escritório em São José dos Campos (SP).
[1] PEIC abril-22: https://www.portaldocomercio.org.br/publicacoes/pesquisa-de-endividamento-e-inadimplencia-do-consumidor-peic-abril-de-2022/423798
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