Por Silvio Bianchi
Todos os dias nos contatam pessoas solicitando ajuda porque perderam o controle do seu cartão de crédito. “Gasto muito no cartão”, “Trabalho para pagar a fatura do cartão”, “A fatura do cartão é tão elevada que pago ela e preciso usar o catão para minhas despesas regulares”, são as declarações que acompanham esses pedidos de ajuda.

Imagem: Pixabay
No passado, quando o acesso ao crédito para o consumo era muito limitado, era mais difícil se endividar. Existiam os empréstimos de familiares e amigos, os empréstimos de agiotas e compras fiado. Podemos dizer que o endividamento ficava na categoria de “doença”, mas não “pandemia”, como na atualidade.
Para começar, é importante diferenciar “dívida” de “estar endividado”. Ao longo do mês, todos temos dívidas: cada vez que compramos usando o cartão de crédito, temos uma dívida que será eliminada ao pagar a fatura do cartão; devemos a luz, água, gás, condomínio, aluguel etc., até pagarmos essas contas na data de vencimento.
Estar endividado, no entanto, implica não poder pagar todas as dívidas sem comprometer sua subsistência básica. Geralmente, quando não pode pagar todas as contas, começa fazendo “malabarismos” com as contas (atrasa uma para pagar outra) e acaba inadimplindo alguns pagamentos.
Por que usamos o crédito e nos endividamos?
Nosso tempo atual se caracteriza pelo “Eu quero”, “Eu quero já” e “Eu mereço”, onde o crédito facilita muito esse processo. Outras razões muitos comuns para usar o crédito:
Facilidade e conveniência. Não precisa parar para pensar se o dinheiro é suficiente, utiliza o crédito e compra já!
Satisfação agora e paga depois. “Eu quero”, “Eu quero já”, “Eu mereço”! Com limite de crédito, por que aguardar?
Marketing e Pressão social. Você já gostava disso, pesquisou na internet e recebeu muita propaganda, todos seus amigos usam...
“Compro agora e depois me viro para pagar”.
Emergências. Situações inesperadas que precisam ser resolvidas com urgência e não possui uma reserva financeira emergencial.
Recompensas e benefícios. Quando utiliza determinado cartão de crédito ou crédito de loja, “ganha” pontos, milhas aéreas ou cashback.
Comprar sem sentir a dor de estar pagando (quando utiliza o crédito sente a satisfação de comprar sem a dor de pagar no momento), facilita a perda de controle (consome mais), facilita as decisões impulsivas (não precisa aguardar até “juntar o dinheiro”) e, também, a satisfação imediata.
Um último componente: geralmente, os limites de crédito ultrapassam os rendimentos líquidos das pessoas. Somado à redução ou perda de autocontrole, gastar mais do que se recebe resulta simples.
O Endividamento é a consequência de gastar mais do que recebe.
O que fazer para usar o crédito e não se endividar?
Crédito não é “dinheiro na mão”. Quando você dispõe de um crédito, você está utilizando dinheiro que não é seu. Portanto, deverá devolver esse dinheiro, com juros, a quem o emprestou.
Limite de crédito no cartão não é autorização para gastar. Se o valor total das suas compras a crédito ultrapassar seus rendimentos líquidos, você não conseguirá pagar a quem emprestou esse dinheiro, dado que também precisa pagar suas despesas básicas. O “limite de crédito” é o limite de dinheiro que a financeira, ou o emissor do cartão de crédito, está disposta a arriscar com você em caso de não pagar.
Faça seu planejamento financeiro. Saiba quando recebe líquido, quanto já tem comprometido com parcelas de compras anteriores, quanto precisa para suas despesas básicas.
Planeje suas compras. Gaste menos do que recebe.
Cuidado com as compras supérfluas. As compras não-essenciais (supérfluas) nos adicionam conforto, que é muito bom! Porém, essas despesas devem acontecer após pagarmos as despesas básicas e as parcelas comprometidas, e não deve utilizar o crédito para pagá-las.
Cuidado ao parcelar suas compras. Se parcelar, a vida útil do bem o serviço comprado, deve ser superior ao prazo de parcelamento. Exemplo: se um bem dura três meses, não compensa parcelar em 4 vezes, pois ao pagar a quarta parcela, esse bem já não existe mais e, provavelmente, você já comprou novamente.
Eduque-se financeiramente. Informe-se sobre as diferentes ferramentas financeiras, como devem ser usadas e não caia no “canto da sereia” dos que somente falam dos benefícios de contratar um crédito.
A maioria das pessoas não foi educada financeiramente e tampouco conhece nossas “fraquezas comportamentais” com relação à utilização do dinheiro e do crédito.
Todos os artigos publicados no “Blog do BEM” estão à sua disposição para lhe ajudar a controlar melhor seu dinheiro.
SEU BEM-ESTAR FINANCEIRO É O NOSSO PLANO!
---
Silvio Bianchi é Pós-graduado em Educação e Coaching Financeiro, Contador Público, Master Coach, Coach Financeiro, Treinador e Palestrante. Cofundador de BEM Financeiro – Desenvolvimento em Finanças, responsável pelo escritório em São José dos Campos - SP (Vale do Paraíba).
Comentários