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Plano de demissão voluntária. Ameaça ou oportunidade?

A crise econômica que o país atravessa é cheia de desafios, e não só para as famílias que enfrentam o aumento dos preços, o endividamento e o desemprego. As empresas também sofrem com a alta dos custos, a diminuição da demanda, os atrasos nos pagamentos e a inadimplência dos clientes.


Foto: iStock / monkeybusinessimages

A crise econômica que o país atravessa é cheia de desafios, não só para as famílias que enfrentam o aumento dos preços, o endividamento e o desemprego. As empresas também sofrem com a alta dos custos, a diminuição da demanda, os atrasos nos pagamentos e a inadimplência dos clientes. Na intenção de amenizar os danos e diminuir os custos, muitas passam a oferecer aos seus colaboradores o Plano de Demissão Voluntária (PDV).


O PDV consiste em oferecer aos funcionários uma série de incentivos sobre as verbas rescisórias para evitar o doloroso processo da demissão sem justa causa. O PDV costuma ser composto por um valor fixo e outro correspondente a determinados meses de salário, mais pagamentos proporcionais aos anos de trabalho na empresa e, também, pela cobertura do plano médico do funcionário e sua família por um período após o desligamento. Algumas empresas até oferecem uma assessoria para ecolocação.


Para muitos empregados, essa pode ser uma oportunidade interessante. Porém, antes de aceitar ou negar, oriento algumas reflexões:


1 – Reflita se você quer continuar na empresa e, mais importante, se a empresa quer continuar contando com você. Este é o momento para a pessoa fazer uma boa autoavaliação do seu desempenho e das suas possibilidades de progredir dentro da empresa. É importante considerar a possibilidade de que, passado o período do PDV, outras demissões sejam feitas.


2- Conheça seus números. Aceitar o PDV pode ser uma boa oportunidade financeira, mas sem conhecer sua própria realidade, esta ação pode se tornar um “tiro no pé”. Portanto, conheça os rendimentos líquidos da sua família, todas as despesas que têm (até o último centavo) e, também, informações sobre as dívidas (se tiver dívidas): o valor mensal das parcelas e por quanto tempo deverá pagar.


3- Observe se tem uma reserva emergencial. É muito importante criar, durante os anos de trabalho, uma reserva para situações emergenciais, como o desemprego ou problemas sérios de saúde. O ideal é dispor de um valor que cubra 18 meses de despesas básicas. Portanto, observe se você dispõe de uma reserva, pois após aceitar o PDV, a situação será de desemprego.


4- Decida junto à sua família. A família deve estar ciente da situação e participar da decisão final. Nessa fase, eles darão apoio e farão parte do processo. Não esqueça que o controle das despesas durante o período de desemprego também passará por eles. Estabelecer um objetivo coletivo pode ser uma excelente forma de envolver a família no processo de redução de despesas.


5- Planeje antes de pagar as dívidas. Muitas pessoas pensam em “aproveitar” as verbas do PDV para pagar dívidas. Antes de fazer isto, é muito importante que conhecer sua realidade financeira e saber se existem reservas suficientes se sustentar até se recolocar no mercado de trabalho. Do contrário, poderá usar o valor para se livrar das dívidas e acabar tendo que entrar em novas para se sustentar. A prioridade, nesta fase, é planejar o futuro com cautela.


6- Procure reduzir suas despesas. Conhecendo seus números, você identificará desperdícios e despesas supérfluas. Na maioria dos orçamentos há entre 20% e 30% de desperdício – despesas que, se eliminadas, não diminuirão a qualidade de vida. As despesas supérfluas, entretanto, agregam um pouco de conforto. Porém em situação de desemprego, elas também podem ser reduzidas ou eliminadas. Muitas vezes podem ser substituídas por outras com custo menor ou zero.


7- Passe a pensar antes de comprar. A fase de reajuste nas finanças e desemprego pode ser uma boa oportunidade para que a família se eduque financeiramente e reflita antes de comprar, passando a avaliar se o produto ou serviço é realmente necessário, ou seja, se a compra está sendo feita para suprir uma necessidade básica ou se é influenciada pela propaganda, baixa autoestima ou por outras pessoas.


8- Não faça dívidas. Provavelmente você receberá variadas ofertas de crédito, às vezes muito tentadoras, “para lhe ajudar a passar por essa situação temporária”. O melhor a se fazer é ficar bem longe do cheque especial, crediário ou qualquer outra forma de crédito fácil, incluindo parcelamento no cartão de crédito e pagamento mínimo da fatura. Até conseguir um novo emprego, evite ao máximo entrar em novas dívidas. Com o tempo, essa cautela com as finanças se tornará um hábito saudável que você cultivou.


9- Pensou em iniciar um empreendimento? Se estiver pensando em iniciar um empreendimento com o valor do PDV, é importante fazer antes um plano de negócios, para conhecer os investimentos necessários, os custos envolvidos na produção dos bens ou serviços e o capital de giro necessário (dentre outros). Tenha em mente que, provavelmente, um novo empreendimento demorará para gerar o lucro necessário para se sustentar e, depois, para sustentar você e sua família. Lembre-se de que o PDV não foi criado para esse propósito, e sim para garantir o seu sustento.

Texto por: Silvio Bianchi, pós-graduado em Educação e Coaching Financeiro, Master Coach, Coach Financeiro, Treinador e Palestrante. Cofundador do Bem Financeiro – Desenvolvimento em Finanças.

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