O conhecimento a respeito do dinheiro e seus reflexos na vida dos indivíduos normalmente tem início na mais tenra idade, porque sofremos influencia do meio onde crescemos, convivemos ou fomos educados e, em especial, como percebemos a maneira que nossos entes mais queridos (pai, mãe, tios e afins.) cuidavam ou se comportavam com relação aos gastos necessários ou com supérfluos. Havia ou não o respeito ao dinheiro?
Marcante é a história de Júlia (nome fictício) que próximo aos 50 anos já não sabia mais o que fazer para retomar as rédeas de suas finanças e apresentava traços de elevado grau de estresse decorrente da situação financeira pessoal. Afastada do trabalho e sob forte tratamento medicamentoso percebia-se no semblante seu preocupante estado.
Ao conhecê-la num ambiente de tratamento psicológico e cuidados com a saúde financeira dos participantes de um programa de Orientação nessa área, procurei entender como havia chegado a esse estado de descontrole próximo a vinte vezes ao seu ganho mensal.
Reconhecendo que estávamos presentes ao encontro para ajudá-la sentiu-se muito a vontade para buscar no passado fatores que a levaram a ter um comportamento já em nível de compulsividade.
Oriunda de família de classe média recordava-se da rígida forma com que seu pai tratava as questões financeiras da família a ponto de subverter a ordem de importância quanto ao uso do dinheiro no tocante a saúde de todos.
Por uma pequena dificuldade na visão acorreu ao oftalmologista com seu pai e o diagnóstico foi que se tratava de algo que poderia ser corrigido prematuramente para que na vida adulta pouco impacto resultasse.
Ao ouvir o diagnóstico seu pai deu pouca importância a situação respondendo ao médico que por ser algo de pequena relevância não gastaria dinheiro à toa na compra de lentes corretivas.
Este fato foi de grande impacto psicológico em Júlia que em seus 9 anos de idade, na ocasião, estabeleceu uma crença de que iria ter tudo que desejasse na vida.
A partir do momento em que começou a trabalhar estabeleceu um estilo de vida gastando além de sua renda mensal.
Não medindo consequências com relação ao uso do dinheiro e com aquela ideia fixa associada ao crédito farto para servidores públicos, tudo começa a partir do cheque especial que, por ter elevadas taxas é comum os gerentes oferecer alternativas com juros mais “baixos”, transferindo tais dívidas em créditos consignados.
Com eventual alívio no caminho sugerido pelo gerente do banco, eis que surge na vida da Júlia mais uma interessante opção de crédito virtual, chamado cartão de crédito, criando-se assim uma ciranda - trabalhar para pagar contas.
O comportamento de Júlia sempre foi de mão aberta para com seus familiares e nunca dizendo não ao que lhe era solicitado, sem medir consequências quanto aos impactos em suas finanças pessoais.
Nessa sequência de meios de créditos disponíveis, Julia contava ainda com terceiros que lhe emprestavam dinheiro a elevadas taxas, empolgando-se com tamanha facilidade para consumir e sentia-se poderosa e emocionalmente equilibrada criando uma zona de “conforto”, sem perceber a real situação acreditando que poderia resolver tudo sozinha.
No diálogo iniciado com Júlia surpreendeu-nos o fato de ela estar sozinha nessa jornada do endividamento sem contar a real situação para os filhos e/ou companheiro, pois acreditava que uma solução apareceria como num passe de mágica.
A partir dessa premissa dialogamos com Júlia abrangentes conceitos sobre planejamento financeiro e uso consciente do dinheiro e, em especial, encorajando-a a manter diálogo franco e aberto em família descortinando a real situação onde, com certeza, encontraria apoio para superar desconfortante situação.
Ao longo do diálogo era notória a mudança no semblante dela, onde já não se observava traços de tensão marcados pelo estresse. Era outra pessoa, quando comparada a do início do diálogo. Sentia-se mais confiante e encorajada a seguir as orientações.
Alguns meses se passaram e em evento de encerramento do Programa de Saúde Financeira Júlia nos surpreendeu com sua presença e com um gesto de gratidão, contou-nos que seguindo as orientações recebidas sentia-se outra pessoa, pois ao abrir-se com os familiares foi plenamente acolhida e todas as questões financeiras já estavam sob controle.
Por conta dessa experiência, dentre outras, deixamos algumas dicas que podem ser de grande utilidade:
> Mantenha diálogo frequente em família de como estão as finanças, notadamente a evolução patrimonial;
> Estabeleça propósitos para alocar os recursos mais adequados, no curto, médio e longo prazos;
> Suas compras ocorrem com frequência após algum dissabor no relacionamento pessoal ou profissional? Reflita!
> Seus gastos estão sendo feitos por necessidade ou merecimento?
> Avalie como funcionam suas emoções ao realizar compras.
> Como se sente ao chegar em casa após gastos não planejados?
> Procure ajuda de especialistas para organizar suas finanças tanto para dívidas quanto para investimentos.
Não adie novas ações e reflita o que é importante para você. Dê o primeiro passo e priorize uma nova vida de prosperidade e de realizações. Se precisar, nós do BEM Financeiro estamos à sua disposição para ajudar e compartilhar o nosso Plano de Liberdade Financeira.
By
Adenias Filho
Cofundador do BEM Financeiro - Desenvolvimento em Finanças. Formado em Administração de Empresas, Pós Graduado pela FGV-RJ, IBMEC em Finanças Corporativa e Amana-Key em Gestão Empresarial. Consultor Financeiro e Palestrante.
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