Os benefícios outorgados pelas empresas aos seus colaboradores e a forma de outorgá-los foi evoluindo através do tempo. Estou falando dos que complementam ao salário: cesta básica, alimentação, mobilidade, saúde/odontológico, cultura, educação, home office.
Nem todos esses benefícios são oferecidos por todas as empresas e alguns, como o home office, foram consequência da necessidade do distanciamento social por causa da pandemia. Mas todos esses benefícios têm o mesmo objetivo: aumentar a qualidade de vida dos colaboradores, incentivar sua permanência na empresa e, também, atrair novos colaboradores.
Nos atendimentos nas empresas, nos deparamos com uma situação recorrente: os funcionários consideram esses benefícios como “algo que a empresa nos dá para gastar” e, na grande maioria dos casos, chegando à metade do mês os créditos já foram zerados.
Um pouco de contabilidade mental...
Por que cuidamos mais do nosso salário e horas extra que do 13º salário, ou do que um bônus/PLR ou do que dos créditos no cartão de benefícios? Tudo depende da forma como o nosso cérebro contabiliza esses recursos.
O sistema de contabilidade utilizado por nosso cérebro difere da contabilidade tradicional. Eu posso certificar isso, pois sou Contador Público! Como tudo o que acontece no nosso cérebro, ele realiza uma contabilidade emocional.
Esta contabilidade consiste em criar categorias baseadas em: - como obtemos esse recurso (dificuldade para conseguir); - como gastamos esse recurso; - a sensação que provoca gastar esse recurso.
Por isso, pensando na dificuldade para conseguir o recurso: - cuidamos mais do salário e horas extra do que do 13º, bônus/PLR ou cartão de benefícios; - cuidamos mais do 13º do que do bônus/PLR ou cartão de benefícios; - cuidamos mais de todos os anteriores do que dos créditos do cartão de benefícios.
Pensando em como gastamos esses recursos, a prioridade muda, pois o foco estará na dor que esse pagamento causa. (com relação à “dor do pagamento”, recomendo ler o artigo: Está preparado para usar o crédito?). Pagar utilizando um cartão, digitando uma senha, dói menos do que pagar com dinheiro vivo.
Agora, se o foco for a sensação que provoca gastar um recurso, a prioridade estará onde fique mais feliz.
Uma história, bem rapidinha!
Durante a primeira sessão do seu processo um cliente fala da sua dificuldade para organizar seu orçamento, gastar menos e conseguir pagar suas dívidas. Ele considerou dentro dos seus rendimentos: salário, hora extra e 13º, mas esqueceu que também recebe VR e VT. Quando perguntei se recebia algo à mais lembrou do VR e o VT comentou: “mas, isso não alcança para nada! Também preciso usar o cartão!”.
Consultado em que utilizava VR e VT falou: “VT para pagar a gasolina do carro para minhas saídas e VR para comprar comidas no aplicativo e nas saídas”. E finalizou: “Eu trabalho bastante e mereço relaxar um pouco. Nunca parei para pensar que podia considerá-los como dinheiro. Não fazem parte do meu salário!”.
Percebe que gastar é simples e sempre existirá a “justificativa ideal”? Por isso estas recomendações para você “auditar” essa contabilidade mental, aprimorar os controles e fazer um melhor uso de todos os recursos que recebe.
Recomendações para um bom uso do cartão de benefícios flexíveis, VR, VT etc.
- Pare, respire e pense. Se posso ir ao supermercado e utilizar o cartão para pagar, posso utilizar o crédito para comprar alimentos e assim poderei ter mais dinheiro para outras despesas importantes. Para reforçar, faça o cálculo seguinte: valor do crédito mensal vezes 12. Percebe a quantidade de dinheiro que isso representa e que pode ser utilizado nas despesas básicas?
- Planeje suas despesas. a. Registre seu rendimento líquido (salário + hora extra, após descontos) + Crédito de Benefícios. b. Priorize as despesas básicas (alimentação, moradia, saúde, educação) mas as parcelas das compras financiadas, separe um valor para sua reserva estratégica, outro para seus objetivos e determine um valor para o lazer. c. Lembre-se que o resultado deve ser positivo!
- Se pode transferir créditos entre as diferentes categorias (isso acontece com o cartão de benefícios flexíveis), respeite os limites de cada categoria e... se após usar o crédito, sobrar alguma coisa, priorize as despesas básicas!
- Um alerta especial para aqueles que pensam vender seus créditos. Isso é considerado estafa e estelionato, e... quem for flagrado pode ser demitido por justa causa!
Virar “auditor” do seu cérebro e cuidar melhor dos seus benefícios somente traz ganhos. Se precisar de ajuda para aprender como fazer e entrar em ação, pode falar conosco!
Seu BEM é o nosso plano!
--- Silvio Bianchi é Contador Público, Pós-graduado em Educação e Coaching Financeiro, Master Coach, Coach Financeiro, Treinador e Palestrante. Cofundador de Bem Financeiro – Desenvolvimento em Finanças, é responsável pelo escritório em São José dos Campos (SP).
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