O país sofre de uma doença endêmica que aflige mais de 62 milhões de brasileiros. Por ser uma doença, ela afeta a saúde das pessoas assim como impacta em áreas como o trabalho e os relacionamentos pessoais. Estamos falando do endividamento e da inadimplência.
Foto por iStock-Denise Hasse
Muito se falou do surto de febre amarela que afetou os estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo e São Paulo. Foram feitas campanhas de orientação e vacinação da população, assim como de combate aos mosquitos. O objetivo foi evitar que o surto se transformasse em epidemia.
Porém, o país sofre de uma doença endêmica que aflige mais de 62 milhões de brasileiros. Por ser uma doença, ela afeta a saúde das pessoas assim como impacta em áreas como o trabalho e os relacionamentos pessoais. Estamos falando do endividamento e da inadimplência.
Uma pesquisa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) mostra que em abril/2019 a percentagem de famílias com dívidas aumentou. A maioria desses cidadãos sofre com estresse, ansiedade, baixa autoestima, problemas de desempenho no trabalho e problemas familiares.
Até o momento não foi descoberta a “vacina do endividamento”. A causa: a imunização não vem de uma vacina, pois os anticorpos para prevenir esta infecção não se originam em “microrganismos patogênicos, mortos ou atenuados”, mas em hábitos de consumo sustentável.
A verdadeira imunização contra a inadimplência
Avaliar a necessidade da compra; ter certeza de que as compras cabem dentro do orçamento; não se endividar para fazer as compras; conhecer, até o último centavo ganho, para onde está indo seu dinheiro; e priorizar as despesas são a chave.
Estas atitudes, incorporadas e praticadas no dia a dia, sem dúvida, elevarão a imunidade contra o endividamento e serão fundamentais para curar-se do mal da inadimplência.
A prescrição que protegerá sua saúde financeira
Eis minhas principais recomendações para uma vida financeira saudável:
– Educar-se financeiramente. A educação financeira vai muito mais longe do que cálculos e planilhas. Aprender e colocar na prática “hábitos financeiros profiláticos” (aqueles que preveem o endividamento e a inadimplência) é o segredo. A partir dos 3 anos de idade já se pode começar a apreender esses hábitos e não existe nenhum outro limite de idade.
– Procurar que seus filhos tenham educação financeira na sua escola. A Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que norteia o que se ensina nas escolas do Brasil inteiro, indica que a educação financeira passe a ser obrigatória e deverá ser abordada principalmente em Matemática e Ciências da Natureza, para crianças do ensino fundamental.
– Gastar menos do que ganha. Para muitos isto é bastante evidente, pois quem gasta menos do que ganha não se endivida. Porém, o imediatismo, a falta de planejamento e de controle, o crédito fácil (além do uso errado do cartão de crédito) e as compras por impulso, são os principais inimigos.
– Saber quais são os ganhos líquidos e em que são gastos esses ganhos. Sete em cada dez famílias não conhecem seus ganhos nem o total de seus gastos. Este “controle financeiro” é de fundamental importância, pois será a base para ajustar o orçamento e iniciar o caminho para eliminar as dívidas, ou para blindar o orçamento mensal e não gastar mais do que se ganha.
– Ter objetivos de curto, médio e longo prazo. Sim, os três juntos! Objetivos importantes (aqueles que arrepiam) são o melhor estímulo para sair da zona de conforto e agir de forma diferente para realizá-los.
– Fazer o orçamento mensal priorizando seus objetivos. Organize suas contas após separar a parcela que guardará para realizar seus objetivos. Isso funciona!
– No momento de comprar, fazer-se a seguinte pergunta: quero ou preciso? Respostas sinceras a esta pergunta lhe ajudarão a dizer não a muitas compras desnecessárias. Sabia que somente precisamos de sete coisas para sobreviver? Comer, beber, dormir, respirar, se proteger (roupa e moradia), e as outras duas ficam com você (número 1 e número 2. Sim, essas mesmas). São bem básicas!
– Prefira comprar à vista e com desconto. Parcelar o pagamento de uma compra cria a falsa sensação de que se gastou menos, pois o valor da parcela é menor do que o valor total da compra. Parcelar é se endividar e se endividar sem controle leva à inadimplência.
– Criar uma reserva para emergências. É muito importante criar e manter uma reserva para situações emergenciais. Esta reserva protege/blinda seus objetivos e, principalmente, evita o endividamento. Qual deveria ser o tamanho da reserva? Um ano de despesas básicas seria o ideal.
Os principais componentes da “vacina contra a inadimplência” foram apresentados. Agora chegou o momento de entrar em ação e fazer a imunidade aumentar! Colocar em ação a “engrenagem do BEM” vai ajudar! Lembre-se de que o equilíbrio financeiro pessoal não depende de quanto se ganha, mas de como se gasta o que se ganha.
Texto por: Silvio Bianchi, pós-graduado em Educação e Coaching Financeiro, Master Coach, Coach Financeiro, Treinador e Palestrante. Cofundador do Bem Financeiro – Desenvolvimento em Finanças.
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